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terça-feira, 11 de agosto de 2015

Estrela Azul



Nos olhos

reflete um oceano.

A boca não olho

pra evitar engano.

No rosto

o gosto maduro doce.

Ouvir

paciente e entusiasmante.

A mente

rica como o oriente.

O peito

complexo por tudo que sente.

Cabeça

erguida suavemente.

Cabelos

como raios do Sol nascente.

Os pés

calejados como mel.

Braços

dados com a vida

As sobrancelhas

ao menos, dispam seu desejo.

O corpo

num pestanejo,

todo, o beijo.



D.A.M.A.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Segue o poeta

O poeta fala de amor
com vontade de conhecer.
Inspirado na dor que sente
sem nem mesmo sofrer.
Estampa no corredor
da cidade vazia.
Vocifera no anonimato da madrugada
e esquece durante o dia.

Inspiração, inspiração...
Mais alguém procurando?

Devaga nos seus amores
surgindo e morrendo.
Se matando e renascendo sem dores,
insone, sentindo acontecer.

Se cala mas não se propõe
a falar sem dizer.
Cansando, repetindo mais que o nome,
quanto tem a oferecer.
Amolado e gasto
se fingindo a mercê,
o aguçado fio da navalha.

Marejando no desafio profundo
da própria personalidade.
Observando, lá no raso,
a mansidão das meias verdades.
Ciente dos desafios
pro marujo superar,
porque não sabe desviar.


Diogo Arruda

Rir e vir

Rimar, rir
desse acerto em errar.
E rir, rimar
vir de volta, desse mar.

Martire desse não amar,
rir de amar.
E perder o sentido do rir (mar)
Sóbrio desse viver
sem vir.

Virtude que não me vejo ter
sem rir.
Sufoco que é meu viver,
de rir.

Pra vir,
sentir sem pensar,
navegar em si.
Nesse mar de amar
sem ti.

Flutuar nesse marasmo
sem onda nem despertar.
O marinheiro é sozinho no mar,
mais nada.

Cada remada...
sem nada pensar
abraçado no mar
marejado de ir e voltar
e rir.


Diogo Arruda

Gato fadado

Pardo, como todo gato
nas noites dos sobressaltos.
Aparentemente desastrado.
Disfarçados, os olhos virados,
mirando o ato, miando alto.

Espanta, seu brilho repentino,
camuflado, despontando
na sombra da matina.
Rodeando a matilha,
no seu instinto ritmado.

O bigode enjoado,
pestaneja  ouriçado
na gataria lotada.
Feito vagalume envenenado
pela pista enfumaçada.

Gato escaldado,
quando a noite vira dia,
solvendo sua magia.
Esgueira-se pelos muros,
 esguio e difuso,
procede em sua guia.


Diogo Arruda